SUA MAJESTADE O MILHO

SUA MAJESTADE O MILHO

 De origem Andina (Peru) o milho é um cereal cultivado em praticamente todo o território brasileiro e pela sua crescente importância em várias utilizações, principalmente na alimentação, se espalhou pelo mundo. 

São várias as cadeias que dependem do milho nas suas diferentes formas de uso. No mundo todo, o homem, animais e indústria consomem em torno de 1 milhão de toneladas produzidas a cada ano. 

Abaixo percentual de consumo nas diversas finalidades:

– 0,2% sementes

– 1,91% alimentação humana

– 6,78% amido, presentes em complexos vitamínicos, medicamentos (antibiótico), talco infantil, cosméticos, adesivos, vestuários, rótulos, tecidos engomados, graxas, resinas entre outros.

– 5,0% álcool. O seu uso na produção de etanol vem crescendo ano a ano, principalmente nas grandes regiões de produção!

– 8,0% xarope de milho, é amplamente utilizado em confeitaria como adoçante, balas, gomas, sorvetes, sopas desidratadas, salsichas

– 40,68% alimentação animal

– 32% exportações

– 3% estoques finais

– 2,43% perdas

Do grão o extrato do germe é usado como óleo de cozinhar. E a casca é rica em proteína, usada para alimentação animal, ingrediente importante na composição de rações. Atualmente a produção de ração para pequenos animais (pet food) tem sinalizado em um mercado crescente para o uso desse cereal, contribuindo para melhor qualidade alimentar.

Componentes funcionais estão sendo descobertos na composição do milho, que são de grande importância para a dieta humana, capazes de atuar na prevenção de doenças degenerativas e cardiovasculares, bem como alguns tipos de câncer. Além disso, há a presença de tocoferóis, compostos biológicos que compõem o grupo de vitamina E, rica em propriedades antioxidantes.

O Brasil é um país de contrastes, mostra por um lado uma agricultura vigorosa, mas por outro lado mostra uma agricultura de subsistência praticada por agricultores familiares. Estes representam cerca de 85% do total de produtores que possuem pequenas propriedades, e não possuírem capacidade de investimento em tecnologia.

Junto com os esforços para o aumento da produtividade, se faz necessário aprimorar o processo de colheita e as condições de secagem e armazenagem dos grãos. Uma característica positiva dos grãos é a possibilidade de serem armazenadas por longo período. É fundamental que sejam adotados corretamente as práticas de colheita, limpeza, secagem, combate a insetos e prevenção de fungos. 

Outro fator que afeta significativamente é a perda do valor nutritivo, grãos infestados por insetos pragas e micotoxinas, que são analisados através de testes de alimentação, de avaliação de digestibilidade da proteína, a taxa de conversão alimentar, e de análises químicas. 

O Brasil passou a ser um grande exportador de proteína animal, na forma de carnes, de todos os tipos, com isso se estabeleceu uma forte grande demanda de milho para elaboração de rações. Para essa finalidade o milho precisa de qualidade nutricional para se atingir a adequada conversão animal. Para isso o uso da tecnologia, do plantio a armazenagem são primordiais para garantir a qualidade original e atingir o resultado econômico satisfatório. 

Sistemas de secadores convencionais e antigos, tem dificuldades de condicionar adequadamente os grãos para armazenagem e pior ainda afetando a qualidade nutritiva, seja queimando o amido, deixando odor de fumaça, condenando o seu uso para indústria! O agricultor ou cerealista precisa estar atento a esses detalhes e escolher equipamentos para secagem de Alta Performance, eficientes e mais econômicos!  

Perda quanto à redução do padrão comercial

Para o sistema de comercialização dos grãos, serão classificados conforme sua qualidade, classificação ditadas pela portaria do Ministério da Agricultura. O seu objetivo é classificar o alimento, garantindo a comercialização pelo preço justo. São classificados como Tipo 1, Tipo 2 e Tipo 3.

Será classificado como Abaixo do Padrão – AP, o milho que apresentar: mau estado de conservação, aspectos como fermentação e mofo e odor estranho entre outros aspectos.

A importância do milho está relacionada ao aspecto social, pois como se viu anteriormente, grande parte dos produtores não é altamente qualificada e não possui grandes extensões de terras, mas dependem da produção para sua subsistência.

Como pode-se notar, a importância do milho, não está apenas na produção anual, mas sim em todos os aspectos, tanto agropecuário, industrial, econômicos e sociais, pela sua versatilidade de uso. Destacamos a grande importância de se produzir com qualidade, manejo adequado, secagem e armazenagem.

Tem um poema para chamar de seu:

A poetisa e doceira Cora Coralina (1889-1985), nascida em Goiás, dedicou em 1965 um poema inteiro ao milho.

Oração do milho

Senhor, nada valho.

Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.

Meu grão, perdido por acaso,
Nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e haste e se me ajudardes, Senhor, mesmo planta
De acaso, solitária,
Dou espigas e devolvo em muitos grãos
O grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo
E de mim não se faz o pão alvo universal.
O Justo não me consagrou Pão de Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que
Trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
Alimento de rústicos e animais do jugo.

Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
Coroados de rosas e de espigas,
Quando os hebreus iam em longas caravanas
Buscar na terra do Egito o trigo dos faraós,
Quando Rute respigava cantando nas searas do Booz
E Jesus abençoava os trigais maduros,
Eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui  o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e amiga dos que começam a vida em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga.
O que me planta não levanta comércio, nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor,
Que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.